Poemas no espírito da Poesia!

"Ja disse o homem que depois/ Morreu e ficou na memória./
Que existe uma coisa na roda da história/ Que uma camada pra trás quer rodar./
Mas estes não servem/ Pra pôr sua mão nesta manivela/
Ficarão a margem olhando da janela/
A luta do povo esta roda girar."

(Ademar Bogo - CD Arte em Movimento).

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sábado, 10 de outubro de 2009

IDEAL, REAL, SONHO OU ILUSÃO!?!


Ontogênese: origem do ser!
Práxis: ação refletida!
Trabalho: como princípio educativo!
Ser, estar, acontecer!
Espaço de ação e transformação!
Essência, muito além da aparência!
Conhecimento, consciência, ciência!
Sujeito, coletivo, comum!
Viver, participar, organizar...
Fenômeno articulado com o todo!
Dialética e Movimento: 
mudança permanente!


Nichos, ilhas, excelências...
Indução, cooptação, manutenção...
Sistema, resistência, sobrevivência.


E nós colocados em outro lugar
Com outra proposta educativa
Sob um discurso alternativo mudancista
Em espaço potencialmente revolucionário
Com privilégio de tempo
Nem tanto de espaço
Construindo conhecimento integral,
Transdisciplinar e contextualizado,
Na inserção real com educandos.
E nós fora do arraial, da forma, da ‘área’,

Em processo de formação, em cursos...


Nas casas... à disposição, por horas padrões.
Pouco tempo de trabalho formatado...
Dentro de quarenta horas semanais.
O que o sistema quer de nós?
Que quer o governo de nós?
Projeto de superação?
O ideal, o real, o sonho ou a ilusão?
E nós o que somos e o que queremos?

Sergio Bucco - Curso de Formação - SED/ARCAFAR SUL - CTBA/PR, 18/04/2007.

O CAMPO DA EDOC



O campo é Território
E demanda uma Educação.
O povo faz um ofertório...
Ele quer emancipação!


De condições mais naturais,
Tem saberes e sabores da terra
Vindos dos Povos Indígenas e Faxinais,
Ribeirinhos, Caiçaras, Quilombolas...


A Educação quer ser resistência
Na busca de Autonomia...
Sabe a quem a reverência
Na luta de todo dia!


No campo da Liberdade,
Na busca do Desenvolvimento
Cria Sustentabilidade
Da família cem por cento!


Ela nasce de um sonho
Sonhado pela Coletividade
Ao Campo só traz ganho...
Respeitando a alteridade.


Lócus da Biodiversidade,
Cultiva a Ética do Cuidado.
O camponês com sinceridade
Está atento para não ser ludibriado!


A Revolução Verde foi de morte...
Não permitiu ao Povo avaliar.
Deixou-o à própria sorte...
Já não podia se alimentar!


Depois se chamou Agronegócio...
Tudo em função do capital!
A produção se chamou mercadoria
E o camponês se deu mal!


A Educação neste contexto
É um processo em construção.
Não enrola com pretexto...
Mas objetiva a Transformação!


Ela tem muitas ferramentas
Pois vem de outra visão...
A urbana fique atenta.
Ela é feita com o coração!


O camponês produz para o consumo
E para complementar sua renda...
Com tecnologia cria seu insumo
Bem diferente da fazenda!


A Agricultura é como a Mística:
Uma prática transcendental!
Ela tem sua logística:
Uma ação fundamental!


O jeito do trato com a Terra
Pode se chamar Agroecologia!
Basta de veneno da guerra...
Agora tem Tecnologia!


Produzir com Saúde o Alimento
Pois a prioridade não é exportar!
Se prioriza o autossustento...
Sem deixar a Terra acabar!

Solo, útero das sementes
A vida nele se quer perpetuar!
Produzir Alimentos das Gentes
E as fases da lua respeitar!


Gaia, complexo interdependente
Faz pensar e se produz Filosofia!
Práxis que envolve toda gente
Da Cidade e do Campo todo dia!

Esta Educação tem também seu Cantar!
Arte que identifica seu Território...
Com Movimentos sociais está a caminhar
E tem grande animação seu repertório!


Estas quadras são um rascunho...
Estímulo para a companheirada.
As escrevi do próprio punho...
Para ver toda turma animada!

Sergio Bucco – Seminário de EdoC/ Fax. Do Céu (10/10/2006)


e II Seminário de EdoC/Dois Vizinhos (16/11/2006) – PR.
_______________________________________________
Imagem: http://diaadia.pr.gov.br/

PROFESSORA MILENA¹

Senhora, menina moça!

Educadora sexagenária!
Vê a educação desde a roça.
É uma pessoa visionária!


Assim como o velho mestre,
Faz uma leitura do mundo...
Tem uma leitura campestre.
Busca a raiz bem profunda!


É contra a avalanche neoliberal,
Em defesa dos direitos sociais.
Uma posição contra o mal...
A favor dos direitos iguais.


Por muitos anos esteve na luta.
Nas organizações de esquerda militou.
Do sistema não quis ser prostituta.
E mesmo decepcionada não capitulou.


O sistema lhe mostrou veleidade...
Que pra dominar mostrou despolitização.
A mestra manteve a radicalidade.
Jamais abriu mão da formação.


Afirmou que a tragédia está armada.
Mas devemos manter a resistência.
Reunir com cada camarada...
E trabalhar com inteligência.


Há possibilidade de transformação
Que pode se dar pelo local...
Democracia com participação
E transparência é fundamental.


A plantação está feita!
Façamos os cuidados culturais.
Cada texto, cada palavra se aproveita...
Avançar sempre, retroceder jamais!

Sergio Bucco, 2007.
____________________________________________________
¹ Professora Milena Martinez lecionou no Curso de EdoC em R. Bonito do Iguaçu/PR.

SEMENTE


Fartos são os ditados sobre a semente.

De igual modo as filosofias.
Inspiração de muitos poetas.
Bem como os estudos da biologia
Motivo de pesquisa de bancos genéticos.
Tema de muitos experimentos...


Da vida é prolongamento.
Uma explosão de energia.
Renovação constante da vida.
Alimento, sinal de perpetuação...
Patrimônio da humanidade.
E de todos os seres viventes.


Elemento cobiçado pela ganância.
Em processo de domínio...
Através da biotecnologia...
Para os povos submeter.
Mediante a criação da transgenia!
Por meio de impostos de ‘direitos de patente’
E o monopólio de sua comercialização.


Isto tudo e muito mais é a semente!
E o que ela representa...
Como o que querem fazer com ela...
Sem sementes crioulas adeus independência,
Não haverá mais emancipação!
Porém ao final do túnel há uma esperança:
Consciência , organização, resistência e luta!

Sergio Bucco, 20/09/2006.
Imagem:  http://www.emater.tche.br/site/noticias/noticia.php?id=7639

ESTUDAR NA CFR¹



A CFR¹ é uma escola diferente!
Aqui colocamos a ciência em prática!
Tem lugar para toda gente...
Aprendemos também a gramática!

Aqui conhecemos os tipos de terra.
Trabalhamos a compostagem...
Trazemos conhecimento de outras eras.
Não tem espaço para traquinagem!

Temos currículo e conteúdos.
A vida queremos entender...
Não nos assustam os rabudos...
Queremos o mundo saber ler!

Nossa maior companheira é a família.
Para entendermos nossa cultura.
Temos apoio até de Brasília...
Para reforçar a agricultura!

Na CFR também nos divertimos...
Ao cantar, dançar e jogar bola!
No cotidiano o saber adquirimos.
Em nossas relações a amizade rola!

Na CFR se aprende a trabalhar...
Na horta e jardim temos cultivos!
Não pensem que nossa vida é só bricar!
Somos meninos e meninas altivos!

Aprender e trabalhar é um processo...
Como um princípio educativo!
Nossa vivência é um sucesso...
E o produto é positivo!

Contamos sempre com vocês!
Cumpriremos mais uma jornada...
Até nos encontrarmos outra vez
Seguiremos a nossa estrada!

Sergio Bucco e turma 2007.
_______________________
¹ CFR: Casa Familiar Rural.

REVOLUÇÃO VERDE E RESISTÊNCIA

Nos idos dos anos sessenta
Uma revolução química acnteceu.
O solo então não se sustenta...
E o conhecimento se perdeu!

A pesquisa estava como pilar
Na exportação teve sua lógica.
Os agricultores passou a embolsar
Criando uma situação patológica.

A indústria estava instalada...
E grandes 'cooperativas' a negociar.
A prática tradicional foi atropelada...
E fez a dependência aumentar!

Chegava o agrônomo veneneiro...
Entrando na cozinha do agricultor.
Demonstrava dentro do seu terreiro...
Os conhecimentos de 'doutor'!

Faltava aos técnicos saber ouvir.
E ao agricultor compreender...
Na base do conhecimento construir
E a dinâmica do solo entender!

Resultado fácil se deu...
Do campo sairam milhões!
O favelamento cresceu...
Aumentando os grilhões!

Nos idos dos anos noventa
Cresceu a resistência.
O campo já não aguenta...
Recupera a sua competância!

Ainda persiste a assistência
E das multi... a escravidão.
Não se conhece da vida a essência.
Basta, vamos na contramão!

A ATER deve criar nova visão.
O potencial do campo reconhecer.
Com  organização ampliar a integração
E a vida de qualidade crescer!

E os agricultores na base...
devem normatizar pela convenção.
Desenvolver nas relações nova fase
E o coletivo fazer a transformação!

Sergio Bucco, 14/11/2006.

OLHARES

Há o olhar que brilha.
Há aquele que solta chamas e queima!

Há olhar que acolhe e convida.
Há aquele que espanta e expulsa!

Há olhar que ama.
Há aquele que odeia...

Há olhar que perdoa.
Há aquele que se vinga!

Há olhar que se dá.
Há aquele que se furta...

Há olhar terno e manso.
Há aquele amargo e rancoroso.

Há olhar sincero e verdadeiro.
Há aquele falso e mentiroso...

Há olhar que abraça e acaricia!
Há aquele que bate e fere...

Há olhar humilde e simples.
Há aquele arrogante e prepotente!

Há olhar que dá vida...
Há aquele que mata!

Há olhar que aconchega.

Há aquele que esfria!

Há olhar misericordioso e compassivo.
Há aquele que julga e condena!

Há olhar desarmado e sereno.
Há aquele bélico e destrutivo.

Há olhar silencioso...
Há aquele que é estrondoso!

Há olhar que rega e nutre...
Há aquele que seca e resseca!

Há olhar que é fragrância...
Há aquele nauseabundo!

Há olhar que vê, observa...
Há aquele que é cego...

Há olhar e olhar!
Sergio Bucco, 05/12/2005.

TOQUE

Toque e sinta a sinergia.
Toque, supere a mesquinharia.
Toque os filhos da 'vacina'
E das 'picadas' metafóricas.
Toque e troque energia.
Toque o físico, a alma e o espírito.
Toque o ser cósmico.
Toque o universo...
Complexo do humano ser!
Toque solidariamente.
Toque a mente, os sonhos, os ideais.
Toque pela manhã, ao dia,
À noite e ao até ao repousar.
Toque o simples e o inacessível.
Toque a criatura e o criador.
Toque sem provocar constrangimento.
Toque o pensamento.
Toque a audição e a molodia.
Toque o olfato e o odor.
Toque o tato com muito tato!
Toque a visão e a cor.
Toque a aurora e o crepúsculo.
Toque os fenômenos materiais,
Os imateriais, os transcendentais.
Toque e viva...
Sergio Bucco, 21/05/2005.

APESAR DE TUDO

A vida é maravilhosa!
Sua energia penetra e perpassa
Os mínimos detalhes do Κόσμος.
a luz que desnuda todos os seres.
A água que vitaliza e revigora.
A brisa que move e transporta.
O frio que provoca a ação.
O calor que induz à suavidade...
A penumbra que evoca saudade.
O canto que acalma e agita.
O sorriso que desarma e aformoseia.
O olhar que fala, toca e acaricia.
O toque de energia recíproca.
A sinergia...
O aperto de mão sicero.
O verde que lembra a esperança.
As flores, suas cores, terapia!
A rocha que evoca a permanência.
O solo, o húmus, o homem, a mulher...
A semente que esconde a explosão da vida!
Sergio Bucco, julho/2004.

EDUCAND@ E ESCOLA

Desperta contente
Se arruma ligeiro.
No ônibus faceiro
Com malas de sonhos
E esperanças:
É o educando...
~~~
Por vezes a pé
Segue com fé
Em dias melhores.
Entra na escola
Curioso está...
~~~
E os educadores
Mestres desvelados
Estão ao seu lado
Trazendo informações.
Trabalham o livro...
Viajam ao homem
No seu interior.
~~~
Buscam um intento:
O conhecimento...
Que não é infuso
Ele se processa.
Na interdisciplinaridade
Teoria e prática.
~~~
Na transdisciplinaridade
Mediada em projetos
Passa pela gramática
constrói o texto
Evita o pretexto.
Manipula os números
Em tempo e movimento!
~~~
Ocupa o espaço
produzindo o belo
Que a vida oferece
Cheia de elementos
E intrínseca força
De transformação.
~~~
É a escola...
Entre quatro paredes
Meio artificial.
Tudo mudou!
Nada mudou!
Cheia de emoção
Contramão da História.
~~~
Às vezes uma ilha...
Bisavó do mundo global
Filha do sistema
Vive uma teima
Para sobreviver
E se reciclar!
~~~
Busca superar a crise
Com cidadania
Sempre em ação
E muita alegria
Saindo do coração!
~~~
Perfeita sintonia
Melhorar cada dia
Buscando a veracidade
Educador e educando
Junto à sociedade.
~~~
Sempre constante
Em qualquer idade
Evita o rompante
E com razão...
Estende as mãos
Em cooperação solidária
Todos juntos fazem a diferença!
Sergio Bucco, 15/02/2002.

LIBERDADE AO SER

Não venhas à escola porque és obrigado/a.
Nem porque te impões tal constrangimento.
A escola ainda é um lugar onde se aprende...

Não faças algo porque te submetem...
Nem porque te impões um sacrifício.
Fazer é acontecer e isto faz a diferença!

Não participes porque é a lei.
Nem porque desejam isto de ti...
A corrupção e o abuso de poder são o preço da omisssão!

Não diga alguma coisa para ofender...
Nem para bajular, massagear egos...
Digas simples e tranquilamente a verdade.

Não escutes porque assim exige o regulamento.
Nem porque é uma necessidade intimada...
Quem ecuta poderá ser ouvido também!

Não dês um sorriso amarelo.
Nem rias com deboche...
O sorriso aformoseia o rosto!

Não te ensoberbeças 'montículo de poeira'
Nem te orgulhes ser dito humano...
Nós passamos como a flor... queimada pelo sol!

Não te rebeles porque ser 'do contra' é moda
Nem reajas porque te sentes acuado...
Tomar posição é uma postura cidadã!

Não aceites nunca uma imposição
Nem qualquer tipo de coersão...
A liberdade é um valor supremo!
Sergio Bucco, 21/11/2001.

GAIA

A Mãe Terra está em contosões profundas.
Grita, geme, tal é a sua dor!
A Mãe Terra queima e cai-lhe os pedaços, qual uma leprosa...
A Mãe Terra, qual bronquica, não consegue respirar...
A Mãe Terra, qual viajor pelo deserto, está em sequidão...
A Mãe Terra, qual ser lavrado, está com sulcos dolorosos...
A Mãe terra, qual humano ao frio, treme sem  manto e sem coberta...
A Mãe Terra, qual menino de rua, está desamparada...
A Mãe terra, qual um grande lixão, sofre a consequência do 'humano' consumo...
A Mãe Terra, sim, nossa casa maior...
Está descuidada, sem afeto.
Sem carinho, sem amparo, em estado de morte.
Qual analogia da pesoa huimana...
Está a pedir aoi ser homem e mulher
'Animus et anima', apenas humanidade!
A Mãe Terra chama apenas pelo óbvio.
E este né tão simples que parece de somenos...
O esssencial, o profundo, o duradouro parecem triviais...
Por isso, por vezes (muitas vezes!) é menospresado como coisa semimportância!
A Mãe Terra pede, solicita, amor traduzido em cuidado essencial...
Que ser humano gostaria, conscientemente, de ver sua casa interior, sua alma...
Suja e desordenada e destruida?
Assim é a Gaia, nosso útero, nosso habitat, nossa última morada!
Sergio Bucco

CIDADANIA

Se não pensarmos...
Outros pensarão por nós!
Se não tomarmos posição...
Outros tomarão posição por nós!
Se nós não fizermos...
Outros farão por nós!
Se nós pararmos...
Outros virão e passarão por cima de nós!
Se nós não ocuparmos o nosso lugar...
Outros ocuparão a seu modo!
Se nós não tomarmos consciência...
Sobre a vida
Sobre a cidadania
Sobre a pólis
Outros virão e, com consciência ou não,
Farão o que deixou a nossa omissão!
Sergio Bucco, outubro de 1998.